Colelitíase é a presença de cálculo(s) no interior da vesícula biliar. Os cálculos, quanto a sua composição, podem ser:
- de Colesterol (10 a 15%);
- de Pigmentos (biliares) (5 a 10%);
- de Carbonato de Cálcio (raros);
- Mistos, os mais frequentes (aproximadamente 80%).
A bile é uma solução que contém várias substâncias: água, colesterol, sais biliares, lecitina e bilirrubinatos. Juntos, em quantidades proporcionais, mantêm a bile em estado líquido. Quando o colesterol ou os sais biliares são produzidos em excesso, por alguma razão, a solução torna-se saturada e há precipitação dessas substâncias com a formação de pequenos grânulos (lama biliar ou microcálculos). Esses grânulos dão início à formação de pedras ou cálculos.
Grande parte dos pacientes são assintomáticos e diagnosticados acidentalmente durante um exame de rotina, check-up, ou por procurar o médico para acompanhamento de outra doença qualquer.
Uma parte (casos crônicos) pode apresentar intolerância a alimentos gordurosos (frituras, gema de ovo, gorduras, etc) porque, ao chegar ao duodeno, a gordura estimula a contração vesicular, provocando mal-estar e dor localizada no lado direito do abdômen.
Náusea: sintoma muito frequente (com ou sem vômitos).
Nos casos agudos, podemos observar:
- Dor abdominal intensa, geralmente tipo cólica, localizada no lado direito do abdômen, abaixo das costelas, na região do estômago, ou ainda no dorso (nas costas).
- Pacientes assintomáticos ou que sentiam pequeno desconforto quando ingeriam alimentos gordurosos, podem, de uma hora para outra, apresentar dor forte, aguda e intensa do lado direito do abdômen, eventualmente acompanhada de febre e icterícia. Esses sintomas são indicativos do quadro de colicistite aguda, isso é, de inflamação aguda da vesícula decorrente de uma doença crônica.
Os pacientes sintomáticos são encaminhados para o tratamento cirúrgico (retirada cirúrgica da vesícula). O que atualmente, exceto em casos raros ou específicos, é realizado através da via videolaparoscópica.
Quanto aos pacientes assintomáticos, em geral é de consenso que devam ser submetidos ao tratamento cirúrgico os pacientes:
- Diabéticos;
- Com anemias hemolíticas (risco aumentado para cálculos);
- Jovens, particularmente aqueles com baixo risco cirúrgico e apresentando pequenos cálculos (devido ao risco de complicações como a pancreatite);
- Que viajarão por longos períodos para lugares sem acesso a médicos.
O paciente é operado com anestesia geral. É realizada uma pequena incisão no umbigo, onde é introduzida uma agulha para distender a cavidade abdominal, através da insuflação de gás apropriado para tal. A intenção é criar um espaço para se trabalhar com todo o instrumental cirúrgico.
É então introduzido um tubo metálico chamado trocáter, por onde se passa o laparoscópio (instrumento de visualização da cavidade abdominal).
São realizados mais três pequenos cortes, por onde são posicionadas as pinças a serem utilizadas durante a cirurgia.
Em algumas situações, é realizado RX com contraste no canal da bile (colangiografia) durante a cirurgia, para detecção de cálculos no interior deste canal (coledocolitíase). Se forem detectados, deverão ser removidos durante a cirurgia ou após, em procedimento realizado com endoscopia (papilotomia endoscópica).
Ao final da cirurgia os cortes são fechados com um ou dois pontos na pele.
Sim. Apesar de importante no processo de digestão (em específico das gorduras, promovendo emulsificação e facilitando a ação de enzimas digestivas) a vesícula não é fundamental à manutenção da digestão ou da vida. A vesícula é uma pequena saculação (como uma bexiga), localizada abaixo do fígado. Tem a função de armazenar a bile (líquido amarelo-esverdeado espesso, produzido pelo fígado e importante para a digestão das gorduras) tornando-a concentrada. Após as refeições, a vesícula se contrai liberando bile em grande quantidade no duodeno (início do intestino delgado), a qual entra em contato com o alimento, continuando o processo de digestão iniciado no estômago. O fígado de um adulto produz diariamente em torno de 900 ml de bile (quase 1 litro). Mesmo sem a vesícula, a bile produzida pelo fígado alcançará seu destino final que é o intestino, percorrendo um trajeto normal que é a via biliar principal.
está cada vez mais presente na população devido à mudança no estilo de vida e hábito alimentar.
Por definição, obesidade significa um índice de massa corpórea (IMC) acima de 30. O IMC é calculado dividindo o peso pela altura ao quadrado.
O tratamento inicial é conservador, com estímulo à prática de exercícios, dieta e medicamentos. Porém na falha desses e IMC acima de 40, ou IMC de 35 associado a outras doenças, está indicada a cirurgia, pois a obesidade mórbida causa diversos riscos para a saúde. É fundamental o acompanhamento multidisciplinar, incluindo o endocrinologista, cardiologista, nutricionista e psicólogo e/ou psiquiatra para obtenção de melhor resultado após a cirurgia.
Os procedimentos cirúrgicos podem ser divididos em três principais categorias.
As técnicas restritivas têm o objetivo de reduzir somente o volume do estômago. A que mais se destaca e que está sendo cada vez mais praticada atualmente é o "Sleeve", na qual o estômago é deixado em forma de um túnel.
As técnicas disabsortivas são as menos utilizadas e têm a função de diminuir a absorção do alimento com a manipulação somente do intestino delgado.
Nos procedimentos mistos, há tanto restrição gástrica como disabsorção intestinal. O "bypass", por exemplo, a cirurgia de Capella (figura esquerda), tem por finalidade uma maior restrição do que disabsorção e nas chamadas técnicas biliopancreáticas ocorre o inverso (figura direita).
Pode-se ainda lançar mão do uso de próteses, como é o caso da banda de silicone, que restringe o volume gástrico de forma ajustável.
Em todas as técnicas de gastroplastia pode haver algum grau de distúrbio nutricional, desde distúrbios metabólicos leves até graves, dependendo do procedimento utilizado. Por esse motivo, é necessário o acompanhamento multidisciplinar, antes e após a cirurgia, além da conscientização do próprio paciente para minimizar essas complicações.