Dr. André Donato Lopes

CRM-PR: 28.425/ RQE: 19.932
  • Graduação em medicina pela Faculdade Evangélica do Paraná.
  • Especialização em Cirurgia Geral (Hospital Universitário Evangélico de Curitiba).
  • Especialização em Cirurgia do Aparelho Digestivo (Hospital Universitário Evangélico de Curitiba).
  • Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD).
  • Membro Ativo da Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal.
  • Membro Titular da Associação Brasileira de Câncer Gástrico.
  • Membro titular da International Gastric Cancer Association.
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Perguntas frequentes

Vias biliares e vesícula

O que é colelitíase? E como se forma?

Colelitíase é a presença de cálculo(s) no interior da vesícula biliar. Os cálculos, quanto a sua composição, podem ser:

  • de Colesterol (10 a 15%);
  • de Pigmentos (biliares) (5 a 10%);
  • de Carbonato de Cálcio (raros);
  • Mistos, os mais frequentes (aproximadamente 80%).

A bile é uma solução que contém várias substâncias: água, colesterol, sais biliares, lecitina e bilirrubinatos. Juntos, em quantidades proporcionais, mantêm a bile em estado líquido. Quando o colesterol ou os sais biliares são produzidos em excesso, por alguma razão, a solução torna-se saturada e há precipitação dessas substâncias com a formação de pequenos grânulos (lama biliar ou microcálculos). Esses grânulos dão início à formação de pedras ou cálculos.

Quais são os fatores de risco?

  • Mulheres entre 20 e 60 anos: 3 vezes mais chance de cálculos do que os homens. Provável relação hormonal (com o estrógeno);
  • Mulheres que tiveram múltiplas gestações;
  • Risco aumenta com a idade e a obesidade;
  • Presença de úlceras duodenais;
  • Cirurgias gástricas para tratamento de câncer ou de úlceras;
  • Dislipidemias (elevação do colesterol);
  • Diabetes;
  • Doenças intestinais;
  • Cirrose;
  • Anemias hemolíticas;
  • Infecção biliar ou parasitose;
  • Hiperparatireoidismo;
  • Porfiria (doença do metabolismo das porfirinas, substância que pode ser encontrada na bile);
  • Estenose (redução do calibre) do ducto biliar principal.

Quais são seus sintomas e o seu tratamento?

Grande parte dos pacientes são assintomáticos e diagnosticados acidentalmente durante um exame de rotina, check-up, ou por procurar o médico para acompanhamento de outra doença qualquer.

Uma parte (casos crônicos) pode apresentar intolerância a alimentos gordurosos (frituras, gema de ovo, gorduras, etc) porque, ao chegar ao duodeno, a gordura estimula a contração vesicular, provocando mal-estar e dor localizada no lado direito do abdômen.

Náusea: sintoma muito frequente (com ou sem vômitos).

Nos casos agudos, podemos observar:

  • Dor abdominal intensa, geralmente tipo cólica, localizada no lado direito do abdômen, abaixo das costelas, na região do estômago, ou ainda no dorso (nas costas).
  • Pacientes assintomáticos ou que sentiam pequeno desconforto quando ingeriam alimentos gordurosos, podem, de uma hora para outra, apresentar dor forte, aguda e intensa do lado direito do abdômen, eventualmente acompanhada de febre e icterícia. Esses sintomas são indicativos do quadro de colicistite aguda, isso é, de inflamação aguda da vesícula decorrente de uma doença crônica.

Quais são seus sintomas e o seu tratamento?

Os pacientes sintomáticos são encaminhados para o tratamento cirúrgico (retirada cirúrgica da vesícula). O que atualmente, exceto em casos raros ou específicos, é realizado através da via videolaparoscópica.

Quanto aos pacientes assintomáticos, em geral é de consenso que devam ser submetidos ao tratamento cirúrgico os pacientes:

  • Diabéticos;
  • Com anemias hemolíticas (risco aumentado para cálculos);
  • Jovens, particularmente aqueles com baixo risco cirúrgico e apresentando pequenos cálculos (devido ao risco de complicações como a pancreatite);
  • Que viajarão por longos períodos para lugares sem acesso a médicos.

Como é retirada a vesícula biliar?

O paciente é operado com anestesia geral. É realizada uma pequena incisão no umbigo, onde é introduzida uma agulha para distender a cavidade abdominal, através da insuflação de gás apropriado para tal. A intenção é criar um espaço para se trabalhar com todo o instrumental cirúrgico.

É então introduzido um tubo metálico chamado trocáter, por onde se passa o laparoscópio (instrumento de visualização da cavidade abdominal).

São realizados mais três pequenos cortes, por onde são posicionadas as pinças a serem utilizadas durante a cirurgia.

Em algumas situações, é realizado RX com contraste no canal da bile (colangiografia) durante a cirurgia, para detecção de cálculos no interior deste canal (coledocolitíase). Se forem detectados, deverão ser removidos durante a cirurgia ou após, em procedimento realizado com endoscopia (papilotomia endoscópica).

Ao final da cirurgia os cortes são fechados com um ou dois pontos na pele.

Posso viver sem a minha vesícula?

Sim. Apesar de importante no processo de digestão (em específico das gorduras, promovendo emulsificação e facilitando a ação de enzimas digestivas) a vesícula não é fundamental à manutenção da digestão ou da vida. A vesícula é uma pequena saculação (como uma bexiga), localizada abaixo do fígado. Tem a função de armazenar a bile (líquido amarelo-esverdeado espesso, produzido pelo fígado e importante para a digestão das gorduras) tornando-a concentrada. Após as refeições, a vesícula se contrai liberando bile em grande quantidade no duodeno (início do intestino delgado), a qual entra em contato com o alimento, continuando o processo de digestão iniciado no estômago. O fígado de um adulto produz diariamente em torno de 900 ml de bile (quase 1 litro). Mesmo sem a vesícula, a bile produzida pelo fígado alcançará seu destino final que é o intestino, percorrendo um trajeto normal que é a via biliar principal.

A obesidade

está cada vez mais presente na população devido à mudança no estilo de vida e hábito alimentar.

Por definição, obesidade significa um índice de massa corpórea (IMC) acima de 30. O IMC é calculado dividindo o peso pela altura ao quadrado.

O tratamento inicial é conservador, com estímulo à prática de exercícios, dieta e medicamentos. Porém na falha desses e IMC acima de 40, ou IMC de 35 associado a outras doenças, está indicada a cirurgia, pois a obesidade mórbida causa diversos riscos para a saúde. É fundamental o acompanhamento multidisciplinar, incluindo o endocrinologista, cardiologista, nutricionista e psicólogo e/ou psiquiatra para obtenção de melhor resultado após a cirurgia.

Os procedimentos cirúrgicos podem ser divididos em três principais categorias.

As técnicas restritivas têm o objetivo de reduzir somente o volume do estômago. A que mais se destaca e que está sendo cada vez mais praticada atualmente é o "Sleeve", na qual o estômago é deixado em forma de um túnel.

As técnicas disabsortivas são as menos utilizadas e têm a função de diminuir a absorção do alimento com a manipulação somente do intestino delgado.

Nos procedimentos mistos, há tanto restrição gástrica como disabsorção intestinal. O "bypass", por exemplo, a cirurgia de Capella (figura esquerda), tem por finalidade uma maior restrição do que disabsorção e nas chamadas técnicas biliopancreáticas ocorre o inverso (figura direita).

Pode-se ainda lançar mão do uso de próteses, como é o caso da banda de silicone, que restringe o volume gástrico de forma ajustável.

Em todas as técnicas de gastroplastia pode haver algum grau de distúrbio nutricional, desde distúrbios metabólicos leves até graves, dependendo do procedimento utilizado. Por esse motivo, é necessário o acompanhamento multidisciplinar, antes e após a cirurgia, além da conscientização do próprio paciente para minimizar essas complicações.

Esôfago

O que é?

O esôfago é um órgão tubular que mede aproximadamente 30 cm. Sua função é transportar o alimento da boca ao estômago. Ele é revestido externamente por uma musculatura que se contrai para transportar a comida. A camada interna, que está em contato com os alimentos, é revestida por células escamosas diferentemente do estômago. Por esse motivo, na doença do refluxo, quando o ácido gástrico reflui para o esôfago, o paciente sente aquela dor desconfortável do tórax em queimação.

DRGE

A Doença do Refluxo Gastroesofágico é uma afecção muito frequente na população (no Brasil, estima-se algo em torno de 12%), e é causada pela passagem do conteúdo do estômago de volta para o esôfago, provocando inflamação nesse órgão. Isso pode trazer alguns sintomas como uma dor parecida com queimação (a conhecida "azia"), náuseas, regurgitação de conteúdo ácido ou alimentar, dor torácica, salivação excessiva e até queixas respiratórias como tosse e bronquite.

Existe um músculo que separa o esôfago do estômago (esfíncter esofagiano inferior) e normalmente se contrai depois que a comida chega ao estômago, não deixando que volte. Porém, pode ficar relaxado, permitindo que a pessoa tenha azia ou outros sintomas. Isso pode acontecer quando há a ingestão de bebidas alcoólicas, após o fumo e também com alguns alimentos como chocolate e cafeína.

A Endoscopia Digestiva é o principal exame para diagnosticar se o esôfago está inflamado, e também mostra se o paciente tem hérnia de hiato (migração de parte do estômago, para o interior da cavidade torácica), uma importante causa do refluxo. Porém, dependendo do caso, outros exames podem ajudar no diagnóstico.

Estômago

O que é?

O estômago é um órgão sacular em forma de "J"que tem a função de reservatório do alimento digerido, além de contribuir com a digestão principalmente de proteínas por meio da secreção de ácido e pepsina.

Gastrite

O termo gastrite, muitas vezes é usado de forma incorreta, para denominar a famosa dor na "boca do estômago". Na verdade, essa dor, quando não é causada por processo inflamatório ou ulceroso, chama-se dispepsia.

A gastrite é um processo inflamatório envolvendo o estômago, cuja causa principal é a bactéria H.pylori. Além da bactéria, o álcool e o tabaco podem ser causas de gastrite. Medicamentos, como anti-inflamatórios também podem causar lesão gástrica de aspecto inflamatório (ainda que, a literatura médica sugira que, o termo mais correto nestes casos seja: gastropatia medicamentosa).

A infecção pelo H.pylori pode levar à inflamação e atrofia da mucosa gástrica. Além do mais, pode causar úlcera gástrica ou de duodeno. Porém, existe uma discussão entre os profissionais de saúde em relação ao tratamento da bactéria. Enquanto alguns médicos tratam sempre, outros somente em determinadas situações (seguindo protocolos específicos).

Doença ulcerosa

A úlcera é uma das grandes causas de dor no abdômen superior, podendo localizar-se no estômago, ou no duodeno. Ela é causada por alguns fatores como a infecção pela bactéria H.pylori, uso de medicamentos, tabagismo, etilismo, entre outros. A E.D.A. (endoscopia digestiva alta) é o melhor exame para diagnosticar tal doença.

O tratamento inclui o uso de medicamentos que reduzam a quantidade de ácido. Os melhores são os IBP's.

Se não for tratada, pode causar complicações graves como sangramento ou perfuração do órgão.

Dispepsia

O termo dispepsia significa dificuldade de digestão. Os sintomas que podem fazer parte deste quadro localizam-se na parte superior do abdômen e são: dor, empachamento e/ou desconforto abdominal, náuseas, vômitos, eructações (arrotos), sensação de peso, pirose (azia/queimação), saciedade precoce, entre outros. A dispepsia pode ser funcional (sem uma causa orgânica ou sem um substrato anatômico de base) ou orgânica (como as gastrites, úlceras, doença do refluxo com ou sem hérnia de hiato ou esofagite).

O tratamento da dispepsia funcional inclui uma real compreensão do problema pelo paciente, e cabe ao médico assistente as orientações e os esclarecimentos necessários. Redução da carga de estresse, por meio de atividades físicas, pode colaborar. Ingestão de alimentos menos gordurosos, sem condimentos, ou industrializados (enlatados / embutidos) e mais saudáveis como frutas e verduras, também têm um papel importante. Estimular mastigações lentas e com um tempo adequado para cada refeição é um dos objetivos.

Além disso, medicamentos específicos para o tratamento de cada sintoma e o uso de antidepressivos (no intuito de reduzir a sensibilidade dos órgãos do aparelho digestivo à dor ou aos sintomas) podem ser efetivos.

O tratamento da dispepsia orgânica é focado no combate das doenças causadoras dos sintomas.

Avaliação de IMC

Seu índice de massa corporal (IMC) é: